Geral - Morre o músico Luiz Carlos Borges, aos 70 anos
10-05-2023 Whatsapp
Morreu, na noite desta quarta-feira (10), o músico nativista Luiz Carlos Borges, aos 70 anos. O artista sofria com problemas de aneurisma de aorta, solucionados em cirurgias anteriores, mas sem sucesso na última intervenção realizada, segundo a família.
O músico, que estava internado desde o dia 29 de março no Hospital São Francisco, em Porto Alegre, partiu estando rodeado dos familiares. Ainda não há informações sobre o velório.
Legado no tradicionalismo
A marca de Luiz Carlos Borges para a cultura gaúcha é incontestável. O artista subiu ao palco pela primeira vez aos nove anos de idade, em 10 de outubro de 1962, e nunca mais saiu. De seus 70 anos, 60 foram em cima do palco, onde o músico esteve sempre acompanhado da sua fiel escudeira, a gaita.
Borges foi um dos nomes com mais tempo de carreira na música regionalista, com 35 álbuns, 269 composições e 720 gravações registradas no Ecad, o órgão responsável pela arrecadação e distribuição de direitos autorais no Brasil.
O músico também deixa sua marca na forma de tocar gaita. Tinha um estilo próprio de conduzir e compor com o instrumento, misturando referências das músicas de baile, das canções homéricas dos festivais e de ritmos como o jazz e o blues. Também foi amante inseparável da improvisação, mas sua característica mais marcante como instrumentista foi a intensidade.
Problemas de saúde
Após problemas de saúde, Borges adaptou o modo de tocar gaita . Na foto, de março deste ano, o músico comemorava 70 anos de vida e 60 de carreira.
O músico enfrentava problemas de saúde por conta de aneurismas de aorta. Em 2019, sofreu o segundo — o primeiro foi em 2003 — e ficou 85 dias internado no hospital, sendo 70 na UTI.
Dessa vez, foi necessário reaprender a andar, a falar e a viver com autonomia. Diante das limitações físicas, Borges afirmou que sua menor preocupação era a gaita, mas confessou que rezava para que, se um dia pudesse voltar a tocar o instrumento, que fosse para voltar fazendo bonito.
A prece foi atendida. Depois de um período de readaptações, Luiz Carlos Borges voltou aos palcos em julho do ano passado, abraçado na cordeona. Precisou mudar um pouco a forma de tocar, pois ficou com limitação de movimento na mão esquerda, mas seguiu colocando em prática as características que o alçaram ao hall de grandes gaiteiros do país.
Neste período, ele decidiu revisitar o chamado “lado B” de sua obra, revendo canções que há tempos não encontravam a boca e o acordeom do intérprete. Com esta viagem musical ao passado, o artista começou a preparar o show que marcaria a sua volta. O repertório de O Que o Coração me Exige contou com canções intimistas, muitas delas vencedoras de festivais nativistas e que possuem um significado especial em sua trajetória musical.
Borges estava no palco acompanhado pelos amigos e músicos Jonatan Dalmonte (bandoneón e acordeom), Leandro Rodrigues (violão de cordas de aço e acordeom), Neuro Júnior (violão 7 cordas) e Yuri Menezes (violão 6 cordas).
Fonte: GZH
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